Sentir era para bastar. Não basta. Preferia poder anunciar boas novas. Não há como. Por isso as palavras insistem em dizer por mim numa só tentativa de me salvar. Não sei se podem...
Pensava eu que o cansaço amalgamado em meus ossos me adoecia, mas eram as decepções e mágoas, acumuladas ao longo desse período, que contaminavam a alma e o corpo, asfixiavam minhas vontades.
Eu só precisava de um dia de transbordo. Ao que parece, isso não foi suficiente. E o desânimo vem se arrastando len ta men te até aqui.
Quem eu sou, se perdendo da minha memória. A amnésia, tomando lugar e forjando espaços para o vazio de mim se instalar. Tenho medo.
Já não me reconheço. Não tenho mais casa para onde voltar. Ando fazendo e buscando não testemunhos de mim. Nada que me acrescente vida e brilho ao olhar. E um sonho, aparentemente sem sentindo, vai desenhando exatamente o que se passa aqui dentro. É que às vezes a gente não quer enxergar a realidade e vai disfarçando aqui e ali, tentando driblar o insurportável. Mas uma vozinha vai gritando que é hora de mudar o rumo da prosa, reescrever o poema e a história.
Luciana Gomes
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