terça-feira, 17 de janeiro de 2012

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Olhei, mas não vi.
Desde que o conheci, era a primeira vez que não conseguia sentir nada por ele. Olhei, tornei a olhar, mas o modo de ver era outro. Ali, era ele, o de sempre, eu sabia. Eu é que não era mais eu. Ou fosse mais eu do que em qualquer outro tempo. Tentei, fiz um esforço enorme, a essa altura, o coração ermo. Seu toque era o de um estranho. Não reconhecia sua voz, seu cheiro, seu calor. Não sentia absolutamente nada. Fiz por disfarçar, tentei não enfrentar seus olhos para que os meus não me denunciassem. Meu sorriso, antes tão largo,  era corda de violino. Também pela primeira vez, fingi. Fingi tão bem, a ponto de enganar meu próprio corpo. Não queria estar ali. Não desejava nada daquilo. Parti. Partido em mil pedaços o coração. Ferido o amor próprio. Parti vazia. Nenhum contato me fazia falta. Precisava da distância e que, de preferência, ela se alongasse mais do que de costume.

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